A BUSCA DA EFICIÊNCIA NOS SISTEMAS
PRODUTIVOS: UMA COMPARAÇÃO ENTRE O PARADIGMA TRADICIONAL DE GESTÃO DA PRODUÇÃO
E O LEAN MANUFACTURING
Por: André Luís Almeida Bastos1
O termo lean, em português traduzido como
enxuto, é um termo utilizado a partir dos anos 80 pelos pesquisadores Womak e
Jones, do Massachusetts Institute of Technology – MIT e está associado ao
sistema de produção eficiente, flexível, ágil e focado na agregação de valor ao
cliente. Este é um termo genérico usado
para definir o sistema de manufatura da Toyota, denominado Sistema Toyota de
Produção – STP, o qual foi estruturado por Taiichi Ohno, vice-presidente da
companhia na época. Womack e Jones (2004) apontam as principais características
do sistema de produção enxuto:
-
Possui enfoque no
fluxo de produção em pequenos lotes, segundo a filosofia just-in-time e um nível reduzido de estoques;
-
Envolve ações de
prevenção de defeitos em vez da correção;
-
Trabalha com
produção puxada em vez da produção empurrada baseada em previsões de demanda;
-
É flexível, sendo
organizada através de times de trabalho formados por mão-de-obra polivalente;
-
Pratica um
envolvimento ativo na solução das causas de problemas com vistas à maximização
da agregação de valor ao produto final;
-
Trabalha com um
relacionamento de parceria intensivo desde o primeiro fornecedor até o cliente
final.
Um problema
existente na lógica tradicional dos sistemas produtivos decorre da busca da
eficiência de forma isolada das partes que compõem toda a cadeia. Nestes
sistemas predominam uma preocupação com o maior rendimento das partes isoladas
do sistema, sem levar em consideração todo o sistema (JONES et al., 1997).
No dia-a-dia
das empresas, observa-se uma tendência para a aquisição e emprego de máquinas
de maior rendimento individual, busca de melhores tempos de produção e a
fabricação de lotes maiores em cada um destes recursos, o que, em geral,
acarretam em maiores estoques entre os recursos produtivos, devido ao
desbalanceamento entre eles.
É plenamente
possível visualizar que uma conseqüência dessa mentalidade no emprego de
equipamentos com maiores rendimentos individuais, sem levar em consideração
todo o sistema produtivo, consiste em maiores lead times dos lotes
produzidos, devido às filas geradas, contribuindo para a descontinuidade do
fluxo produtivo e no baixo nível de serviço pela demora para atendimento ao
cliente.
Os
princípios de produção relacionados ao Lean Manufacturing priorizam a
otimização em toda a cadeia produtiva e não em etapas isoladas, utilizando-se
para tanto do balanceamento de lotes menores em todos os recursos em função da
demanda. O objetivo consiste em privilegiar a continuidade do fluxo produtivo e
o aumento da velocidade de resposta ao cliente, pela minimização do lead
time de fabricação.
Dessa forma,
observa-se que a busca pelo maior rendimento dos recursos em centros produtivos
isolados, utilizando-se de maiores capacidades de produção nestes centros,
acabam gerando maior impedimento ao alcance dos objetivos da eficiência no
paradigma lean, pelo fato de gerar maiores tempos de espera em etapas posteriores
e um lead time total maior, além de se ter lotes maiores e menor flexibilidade.
Dessa forma, definitivamente, a entrega ao cliente fica prejudicada...
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O autor é consultor de empresas e
professor universitário, coordenador de cursos de pós-graduação em Engenharia
de Produção e do MBA em Lean Manufacturing e diretor da ESNT – Escola Superior
de Negócios e Tecnologia
Contato:
abastos@esnt.com.br twitter: @ESNT_esnt
Referências:
JONES, D. T. Lean
logistics. International Journal of Physical Distribution & Logistics
Management - MCB University Press, Vol. 27 No. 3/4, pp. 153-173., 1997
WOMACK, J; JONES, D. A Mentalidade Enxuta nas
Empresas: elimine o desperdício e crie riquezas. 5 ed. Rio de Janeiro:
Campus, 2004.
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