RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES E
SISTEMA DE PRODUÇÃO LEAN: ROMPENDO COM VELHOS PARADIGMAS
Por: André Luís Almeida Bastos1
As
organizações têm vivido um novo paradigma de satisfazer rapidamente às
exigências do cliente (velocidade), obedecendo também ao critério
flexibilidade. Assim, estes novos imperativos para a competitividade
impulsionam as organizações a entregarem produtos e serviços de forma rápida e
associada à capacidade de oferecer diversidade de itens. Há de se concordar que,
de acordo com os leiautes departamentais tradicionais associados às práticas de
demorados setups, grandes lotes de
fabricação e critérios não claros na priorização de seqüenciamento de lotes na
fabricação e entrega, estes novos imperativos enfrentam sérias restrições
práticas para serem levados a efeito. Assim, para enfrentar a estes desafios,
as empresas estão recorrendo à aplicação da mentalidade lean, visando sobretudo, respostas adequadas à demanda, de modo
diferente aos antigos paradigmas de produção em massa.
Na lógica
tradicional dos sistemas produtivos, observa-se com freqüência conflitos com
fornecedores de matérias-primas e insumos, gerados por atrasos nas entregas, entregas de
itens de segunda qualidade, erros na documentação, entre outros, os quais, por
sua vez, ocasionam perdas de tempo, retrabalhos e relações não-amigáveis entre
clientes e fornecedores, comprometendo seriamente a constituição de uma cadeia.
A existência
de uma política de aquisição de matérias-primas e produtos acabados em volumes
maiores acaba sendo uma decisão que possibilita a minimização da
descontinuidade do fluxo de produção ou entrega aos clientes em sistemas
produtivos convencionais, haja vista: a possibilidade de ganho de escala
(devido ao aumento do poder de barganha), a falta de pontualidade na entrega, a
possibilidade de recebimento de itens de segunda qualidade, entre outros.
Entretanto, deve-se considerar que tal estratégia de aquisição de volumes
maiores também implica em descapitalização de recursos financeiros, o qual
poderia ser postergado ou realizado quando do efetivo processamento da
matéria-prima ou venda produto.
A parceria,
baseada na relação ganha-ganha, é o princípio utilizado que rege a relação
entre fornecedores e clientes na lógica enxuta e, nestes casos, as partes
envolvidas trabalham juntas para eliminar problemas que acarretam prejuízos
(Figueiredo, 2006). De acordo com este princípio, denominado por Schonberger
(1993) como JIT externo, busca-se trabalhar com poucos mas, com elevado nível
de qualificação de fornecedores que por sua vez são incumbidos de manter uma
relação de elevado nível de atendimento, especialmente quanto aos critérios
pontualidade e qualidade da entrega, mantendo uma relação de mútua confiança.
Tubino (1999) já apontava para que a cadeia logística seja eficiente, três
fatores seriam importantes: desenvolver fornecedores confiáveis, diminuir a
base de fornecedores, para preferencialmente um, e promover a integração da
produção do cliente com a dos fornecedores.
Neste
sentido, os benefícios para a empresa desse modelo de relação com fornecedores
é que as entregas dos itens passam a ocorrer de forma mais freqüente e pontual
e em lotes menores, acarretando em menor estoque na planta dos clientes,
minimização da incidência de atrasos de entrega do produto final por falta de
material, minimização da necessidade de áreas destinadas ao armazenamento do
material e dos eventuais desperdícios com materiais que tornam-se obsoletos.
1
O autor é consultor de empresas e
professor universitário, coordenador de cursos de pós-graduação em Engenharia
de Produção e do MBA em Lean Manufacturing e diretor da ESNT – Escola Superior
de Negócios e Tecnologia
Contato:
abastos@esnt.com.br twitter: @ESNT_esnt
Referências:
FIGUEIREDO, K.
F. A logística enxuta. Revista
tecnologística, São Paulo, V.12, n.131, p.59-63, out/2006.
SCHONBERGER, R. Técnicas industriais
japonesas: nove lições ocultas
sobre a simplicidade. 4ª ed. São Paulo: Pioneira, 1993.
TUBINO, D. F. Sistemas de produção: a produtividade no chão de fábrica. Porto
Alegre: Bookman,1999.
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