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terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O PROBLEMA DOS ESTOQUES NOS SISTEMAS PRODUTIVOS CONVENCIONAIS E A MENTALIDADE LEAN


O PROBLEMA DOS ESTOQUES NOS SISTEMAS PRODUTIVOS CONVENCIONAIS E A MENTALIDADE LEAN: FOCO NA ELIMINAÇÃO DAS INEFICIÊNCIAS
Por: André Luís Almeida Bastos1

O lean manufacturing significa manufatura enxuta e consiste numa filosofia originada no Sistema Toyota de Produção e que tem sido aplicada em diversos tipos de sistemas produtivos, em todo o mundo, como uma estratégia operacional visando o incremento dos níveis de qualidade dos produtos, da produtividade e, conseqüente, da competitividade, por meio de criação de fluxos contínuos.  Para Womack e Jones (2004), os primeiros estudiosos do tema, o propósito da filosofia lean manufacturing consiste na eliminação de todo e qualquer desperdício, ou seja, tudo o que não agrega valor ao produto e que impede as melhorias incrementais de processo. Com a eliminaçao destes desperdícios, há uma melhoria no fluxo dos processos e no trabalho dos colaboradores, reduzindo, dessa forma, o lead time produtivo, e tornando a empresa mais flexível para atendimento do seu mercado.

Shigeo Shingo (8/01/1909 – 14/11/1990), um dos maiores gênios no campo de estudo da Engenharia de Produção, já apontava para os sete desperdícios mais comuns nas empresas: superprodução, defeitos de qualidade, processamento inapropriado, esperas, estoques desnecessários, transporte excessivo e movimentação desnecessária (SHINGO, 1996; OHNO, 1997). Entretanto, estes tipos de desperdícios podem ser eliminados ou minimizados se os conceitos lean forem adequadamente implementados dentro dos fluxos de valor porta-a-porta, dentro da fábrica.

Ao contrário da cadeia de suprimentos de sistemas produtivos convencionais, a qual pode contar com excesso de estoques e que, por conseqüência, convive com ineficiências escondidas, a idéia contida na mentalidade Lean consiste em maximizar o fluxo de valor, reduzir desperdícios e perdas, reduzir os tempos de entrega, reduzir estoques, dispor de maior flexibilidade e melhorar o nível de serviço ao cliente, sem impacto nos custos. Este pensamento é capaz de subsidiar um diferencial logístico para o incremento da competitividade, baseado em um serviço de qualidade, menor custo, a partir da flexibilidade e agilidade (BOWERSOX et al., 2002).

Tradicionalmente, a existência dos estoques nos sistemas produtivos convencionais está associada à necessidade de evitar descontinuidades no processo produtivo que sejam decorrentes de algumas ineficiências tais como:
a) problemas de qualidade ao longo do processo: neste caso, o estoque, denominado pulmão, impediria a interrupção de materiais nas etapas produtivas;
b) alterações no seqüenciamento de ordens de produção, bem como maximização do tamanho do lote, visando minimizar horas improdutivas com setups;
c) problemas no fornecimento de materiais, especialmente quando não se possui uma relação de parceria com fornecedores de forma a garantir pontualidade e qualidade dos itens entregues;
d) programação e fabricação de lotes maiores de forma a minimizar o custo unitário de fabricação.

Dessa forma, o principal argumento que embasa o pensamento lean consiste no fato de que o nível de estoque acaba por esconder as ineficiências do processo. O fato é que, no sistema produtivo tradicional, as ineficiências, como as citadas acima, são encobertas pelo nível de estoque e à medida que se reduz este nível, tais ineficiências são evidenciadas. Tal princípio, já amplamente discutido nas bibliografias, é utilizado pela lógica enxuta de forma a minimizar os estoques, a partir de uma atuação para eliminação das causas dos problemas que estão visíveis e que, dessa forma, são alvos de ações no sentido de eliminá-las.

Há que se ressaltar dois aspectos típicos do pensamento lean na aplicação deste princípio: o primeiro é que as pessoas diretamente envolvidas com os problemas nas empresas são convidadas a atuarem nos grupos de trabalho, através dos Kaizens, utilizando-se, em geral, das técnicas de solução de problemas conhecidas como MASP – Metodologia de Análise e Solução de Problemas. Neste caso, percebe-se um maior envolvimento e motivação das pessoas, características do ambiente da Qualidade Total, onde se utiliza o potencial intelectual dos funcionários, eventualmente subestimado no sistema produtivo convencional. O segundo aspecto é que os problemas devem ser tratados de forma sistemática para que se obtenha efetividade nos efeitos das ações sobre as verdadeiras causas e assim, ao eliminar ou minimizar as causas dos problemas, pode-se minimizar ainda mais o nível dos estoques, quando então novos problemas antes encobertos, são evidenciados, o que caracteriza o princípio da Melhoria Contínua.

Em suma, os estoques são artifícios utilizados para impedir as descontinuidades nos sistemas produtivos convencionais. Tais descontinuidades são causadas por uma diversidade de ineficiências que tais empresas acabam convivendo. Entretanto, a mentalidade Lean visa atuar de forma sistemática nas causas geradoras de tais ineficiências, visando a manutenção de um fluxo contínuo, sem as inconveniências dos elevados níveis de estoque.

1 O autor é consultor de empresas e professor universitário, coordenador de cursos de pós-graduação em Engenharia de Produção e do MBA em Lean Manufacturing e diretor da ESNT – Escola Superior de Negócios e Tecnologia

Contato: abastos@esnt.com.br  twitter: @ESNT_esnt 



Referências:
BOWERSOX, D. J; CLOSS, D. J.; COOPER, M. B. Supply chain logistics management. New York. McGraw-Hill/Irwin. 2002.
OHNO, T. O sistema toyota de produção além da produção em larga escala , Trad. Cristina Schumacher, Artes Médicas, Porto Alegre, 1997.
SHINGO, S. O sistema toyota de produção - do ponto de vista da engenharia de produção. Porto Alegre, Bookman, 1996.
WOMACK, J; JONES, D. A Mentalidade Enxuta nas Empresas: elimine o desperdício e crie riquezas. 5 ed. Rio de Janeiro: Campus, 2004.

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